A influenciadora 4.0

“Estou farta de redes sociais e de andar a publicitar merdas que na verdade não interessam a ninguém, quero ter a minha cena.” este foi o início da nossa conversa. Digamos que o desabafo desta influenciadora despoletou a vontade de fazer um state of art da blogosfera ou melhor “influenciofera” 🤣!

Como consultora de marcas no Fashion Makers, há sempre um momento em que falamos sobre influenciadoras. Estamos numa fase em que deixamos de perceber onde está o poder: nas influenciadoras ou nas marcas ? A vossa resposta não foi clara, numa primeira instância as marcas estavam à frente e depois as influenciares ficaram em maioria! 

Acredito que as marcas estão reféns das influenciadoras, parece que já não há marcas sem estarem associadas a um rosto com milhares de followers! Verdade ? E neste processo há sempre dúvidas em qual a influenciadora a investir e quais as métricas a usar.

Já investi em influenciadoras que se envolveram imenso na promoção de uma marca e geraram 0 vendas e outras com uma taxa de esforço mínima esgotaram produtos. A contagem de seguidores, likes e comentários não garantem vendas. Por isso, enquanto marca como é que devo medir o sucesso das parcerias? e qual é o verdadeiro ROI? Qual é o meu objectivo enquanto marca? Notoriedade, posicionamento ou vendas?

Vejamos! se tudo começou com blogs de estilo pessoal, remunerados por presentes ocasionais, rapidamente evoluiu para uma economia em que os orçamento de marketing já incluem dinheiro vivo em troca de uma publicação ou presença, é aqui que surge o primeiro tipo de influenciadora ! A influenciadora 1.0 - a passiva.

A partir do momento em que existe conversão a marca ganha novos clientes e a influenciadora percebe o valor real da sua influência e começa a querer ter um papel mais ativo junto da marca. A verdade é que as influenciadoras estão cansadas de receber produtos em troca de uma publicação. Exemplo disso é a falta de entusiasmo nos unboxing, agora feitos em silêncio.

Uma influencer é uma "líder de opinião" com um pensamento e voz própria, por isso é urgente serem envolvidas no processo e na marca. É aqui que surge a influenciadora 2.0, a influenciadora da co-criação.

Quando comecei a seguir a Chiara Ferragni admirava o seu estilo de vida e a curadoria de marcas que fazia. Até que o excesso de ofertas passou à desvalorização, exibindo muitas vezes as peças de forma amontoada. Críticas à parte, a verdade é que Chiara criou um império às cuscas do seu blog, porque era e é altamente conversor. Por isso, se a sua influência gera receitas, na verdade os seus followers não são followers, são clientes!

Na vasta rede de influenciadores da Revolve, Song of Style está entre as figuras de social media com maior taxa de conversão, é aqui que a influenciadora 3.0 surge. Song of Style juntou-se à Revolve e faz o seu primeiro investimento, conseguindo um contrato de licenciamento nos novos produtos da marca.

Bem, se uma influenciadora gera receitas e tem uma voz ativa junto da comunidade, não há ninguém melhor do que ela para definir o seu próprio caminho. Chiara Ferragni uma vez mais, dá o primeiro passo e em 2015 lança a sua primeira coleção de sapatos, passando à categoria de influenciadora 4.0 - a criadora de negócio próprio.

Por isso, se és influenciadora, que influenciadora és tu?

  • A influenciadora 1.0 a passiva

  • A influenciadora 2.0 a co-criadora

  • A influenciadora 3.0 a investidora

  • A influenciadora 4.0 a criadora de negócio próprio

Se queres ser uma influenciadora 4.0

  • Escuta o teu público, ajudará a definir o que irás vender,

  • Reflecte sobre o que os teus followers mais compram e porque compram,

  • Qual a taxa de confiança que têm sobre os produtos recomendados,

  • Reflecte sobre o teu ADN e o que te diferencia no mercado,

  • Testa primeiro os produtos em ti, antes de os comercializares. É uma das estratégias da Anine Bing. Dou imensas dicas no artigo GirlBoss aqui. Lembras-te ?

Por outro lado, se és uma marca e queres trabalhar com uma influenciadora:

  • Investe em várias micro influenciadoras, elas podem gerar mais receita do que investires tudo em apenas uma. Num estudo feito pela Tribe Dynamics, indicou que 15 micro influenciadoras de moda emergentes tiveram uma taxa de engagement em média, quatro vezes maiores do que um influenciador mais reputado.

  • Se queres fazer uma parceria com uma influenciadora, deixa-a dirigir o design. Não te esqueças que é ela que sabe o que os followers gostam e desejam. Escuta com atenção o feedback do influenciador e do cliente final, há inúmeros detalhes essenciais que poderão ajudar no desenvolvimento da marca, desde o produto à comunicação. Não te esqueças que é uma parceria win-win, o influenciador deseja tanto o sucesso como a marca.

  • Faz com que os teus seguidores se sintam "insiders". Mostra-lhes o processo criativo, faz com que se sintam integrados. No entanto não partilhes tudo, antes de teres o produto pronto para vender. O cliente rapidamente pode perder o entusiasmo na compra.

  • Enquanto marca, estabelecer uma relação a longo prazo com a influenciadora será fundamental. Colaborar em vários projetos com ela cria autenticidade junto do consumidor final. Na verdade as influenciadoras querem uma parceria a longo prazo, tal como um casamento. Parece mais genuíno se uma em cada cinco interações for paga, enquanto as outras quatro acontecem porque o influenciador efetivamente gosta da marca.

  • Algumas marcas ainda acreditam que comprar uma página de publicidade numa revista impressa é um investimento valioso. Desengana-te, investe num editorial com uma influenciadora, é muito mais poderoso e conversor.

Lê o livro “Estúpida eu?” de Camila Coutinho, vale a pena.

Agradeço a todos a disponibilidade e manifestação sobre o tema e em particular à influenciadora que despoletou tudo isto! Aqui fica uma reflexão de sua autoria:  

“As marcas consideram muita gente influenciadora 🤦🏼‍♀ e criam conteúdos super pensados e pouco verdadeiros. As marcas também impingem esse tipo de conteúdo porque não nos dão muita liberdade para sermos criativas. Ou seja, isto tudo deixa de ser fixe para passar a ser boring. As marcas devem escolher a quem querem oferecer, devem fazê-lo de forma criteriosa porque tem de ser alguém que transmita a imagem e a alma daquela marca.” 

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Joana

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