Trump e as Big-Tech
No The Global Risks Report 2025 a desinformação está no topo das preocupações. TRUMP subiu ao poder com os donos da BIG-TECH e fez questão de referir que conversou com o presidente da China, o Xi Jinping sobre o TikTok .
No artigo de hoje falo-vos sobre 3 preocupações:
O Controlo das Big-Tech (G-Máfia)
O descontrolo da Inteligência Artificial
O crescimento da desinformação
1- O Controlo das Big-Tech
Na tomada de posse, Trump esteve rodeado dos donos das BIG-TECH. Mark Zuckerberg CEO da META que detém o Facebook, o Instagram e o WhatsApp; Sundar Pichai o CEO da Google, detentora também do Youtube, Elon Musk o CEO da Tesla Motors e da redes social X (Twitter) e Jeff Bezos - Executive chairman da Amazon.
A influência e o controlo e que estas pessoas têm na mão é assustadora. Como dizia Shoshana Zuboff autora do livro “A Era do Capitalismo da Vigilância” «O facto é que os verdadeiros problemas da nossa época não podem ser compreendidos, muito menos resolvidos, sem reconhecermos que o totalitarismo tornou-se a maldição deste século, apenas por ter resolvido os seus problemas tão terrivelmente.»
Quantas pessoas as Big-Tech controlam?
O FACEBOOK lidera com cerca de 3,07 mil milhões de usuários ativos por mês.
O YOUTUBE está em segundo plano 2.504 milhões. Diariamente são vistos 4,950,000,000 vídeos;
O WHATSAPP é a 3ª aplicação mais usada com cerca de 2.000 milhões de utilizadores.
O INSTAGRAM é a quarta app mais utilizada, com mais de mil milhões de usuários ativos mensais
O GOOGLE tem mais de de 8,5 mil milhões de pesquisas por dia. E o Gmail tem mais de 1.8 mil milhões de usuários (ativos)
O TIKTOK tem 1.582 milhões de utilizadores ativos.
O X (TWITTER) tem 564 milhões de usuários ativos mensais
A sua presença na tomada de posse não foi em vão. A Google, a Apple, o Facebook, a Amazon, a Microsoft, a Tesla, a Amazon e seus ecossistemas - constituem uma ordem institucional político-económica abrangente que exerce controle oligopolista sobre a maioria dos espaços, sistemas e processos de informação e comunicação digitais.
2- Os dados que alimentam a Inteligência Artificial
Recomendei o livro “A Era do Capitalismo da Vigilância” em 2021 e nunca fez tanto sentido voltar a recomendá-lo. Pois é um livro de “autodefesa digital”. A autora Shoshana Zuboff fala do poder das BIG-TECH, que é diferente de tudo o que conhecemos até aos dias de hoje.
Ouvimos falar em da Inteligência Artificial com mais frequência, mas a Google está a desenvolver e a implementar a «inteligência artificial» desde 2003. As Big-Tech tentam obter lucros através da ciência de dados e em áreas conexas, que se dedica ao fabrico de produtos preditivos que aumentam as taxas de clicks na publicidade direcionada.
Enquanto que a inteligência automática processa o excedente comportamental e transforma-o em PRODUTOS preditivos dedicados a prever o que sentimos, o pensamos e o que faremos.
O MERCADO são os produtos preditivos vendidos num novo “tipo de mercado” que comercializa exclusivamente o comportamento futuro.
"Estas apropriações de um espaço isento de legislação são espantosamente semelhantes às dos empresários corruptos do século anterior. Tal como os homens da Google, estes titãs de finais do século xix apropriaram-se de territórios indefesos em nome dos seus interesses pessoais…os capitalistas da vigilância marcham sob a bandeira da liberdade de expressão, justificando assim o «progresso» tecnológico livre de entraves." Foi o que aconteceu exatamente quando Mark Zuckerberg dias antes de Trump subir ao poder, decidiu terminar com a moderação e proliferação de mentiras nas plataformas da META.
"Esqueçam aquele lugar comum: se é gratuito, é porque «somos o produto». Nós já não somos o produto; nós somos a carcaça abandonada. O «produto» resulta do excedente arrancado à nossa vida." A mercadoria baseia-se em comportamentos.
A Google controla a nossa pesquisa, é o espaço de alojamento do nosso email e ainda condiciona-te na informação da forma como vez o mundo pelo google maps. A Google claramente “quer ser o copiloto da nossa vida.”
“Se a civilização industrial floresceu à custa da natureza eagora ameaça a Terra, uma civilização da informação moldada pelo capitalismo da vigilância irá medrar à custa da natureza humana e ameaçar a nossa humanidade.”
O poder HOJE não mata nem tortura . É leve, divertido e capta a nossa atenção pelo entretenimento. A tecnologia da informação é ágil, dá-nos uma resposta “rápida e eficaz”. Mas condiciona todos os dias o nosso comportamento sem sabermos.
3 - O crescimento da desinformação
Li recentemente na Marketeer que “A Inteligência Artificial (IA) generativa está a causar uma disrupção significativa na forma como as pesquisas são realizadas… A pesquisa evoluiu de uma experiência prescritiva e amplamente partilhada para um conjunto fragmentado, complexo e variável de ações dos consumidores".
Ou seja se anteriormente tinhamos acesso a vários pontos de vista, hoje vamos ter acesso apenas a 1 ângulo. A uma única resposta. Não há discernimento!
Sob o regime do capitalismo da vigilância, as BIG-TECH são os «meios de produção» e servem os «meios de modificação comportamental». Os processos automáticos substituem as relações humanas, para que a certeza substitua a verdade.
O psicólogo e cientista de computação Geoffrey Hinton, criador do IA da Google despediu-se porque considerar perigoso o caminho que temos pela frente.
Shoshana Zuboff afirma que “Quando um homem se controla a si mesmo, escolhe uma ação a tomar, desenvolve a solução de um problema ou procura aumentar o autoconhecimento, concretiza um comportamento. Controla-se a si mesmo precisamente como controlaria o comportamento de outrem — pela manipulação de variáveis dentro das quais o comportamento é uma função.
Se nós, os nossos dados, o nosso comportamento são o PRODUTO.
Fica a relfexão,
Joana