Resíduo = Recurso
Na economia circular o resíduo não existe. O Resíduo é visto como um recurso, por isso o uso da palavra resíduo induz as pessoas para uma visão errada. Ao ir para o “chão de fábrica”, percebo que existe um enorme desprezo pelo resíduo têxtil, exatamente porque é visto como resíduo e não como um bem precioso (recurso).
Esta visão é tão importante que decidi escrever um artigo sobre RESÍDUO de forma a olharem para a potencialidade como RECURSO.
Que tipo de resíduos têxteis existem?
1) O Resíduos têxteis pós-industrial: resíduos gerados durante a fabricação de têxteis produtos e seus precursores
Aparas da mesa de corte.
Produto em fábrica que ficou com defeito e não pode ser vendido (um buraco por exemplo).
Produto em fábrica que está bom, mas tem um erro de cor.
2) O Resíduos têxteis pré-consumo: resíduos gerados nas etapas de retalho (por exemplo, têxteis não vendidos)
Produto que não é vendido porque está com um erro (ex: erro de fitting).
Produto que não é vendido porque ficou com desgaste em loja. (ex: apanhou sol na montra)
Produto que é vendido e é devolvido à loja e não está em condições para voltar a ser vendido (ex: ficou estragado, ficou sujo, encolheu na máquina…).
Produto que é vendido online e é devolvido numa loja que não vende aquele tipo de produto (ex: é dirigida a um segmento diferente e por isso fica em armazém).
3) O Resíduos têxteis pós-consumo: têxteis que tenham sido eliminados após consumo e utilização pelo utilizador final.
Produto que é usado e depois descartado.
Produto em fábrica que ficou com defeito e não pode ser vendido (um buraco por exemplo).
Se o resíduo têxtil é recolhido e passa pelo processo da triagem e é preparado para ser reutilizado ou reciclado, então deixa de ser considerado “resíduo”. Voltemos à pergunta inicial, substituindo RESÍDUO por RECURSO.
Que tipo de RECURSOS têxteis existem?
as oportunidades aumentam…
As aparas da mesa de corte será que poderão ser vistas como potenciais peças para novo tipo de produtos? como: sacos, puxos de cabelo,…
O produto que sobrou 3% a 5% da produção do cliente, será que pode ser re-desenhado?
O Produto em fábrica que ficou com defeito e não pode ser vendido, será que pode ser reparado, com a implementação de uma estação de reparos?
4 Estratégias para escoar produto em loja (Escala de valor)
O produto é vendido a 100% do valor (ex: 100€)
Quando não é vendido, é colocado a 50% na 1ª época de saldos (ex: passa a 50€)
Caso não seja vendido, aumenta-se a % de saldo. (ex: passa a 30€).
Após duas baixas de preço, caso não seja vendido é colocado em Outlet (ex: 25/20€).
Após os saldos, não conseguimos escoar o produto. Como fazer?
Mediante o volume de peças que sobraram em loja, este produto poderá ser revendido em outros mercado por atacado / venda por grosso. Que é a forma de comercialização de grandes quantidades de produtos. A percentagem dada em saldo, poderá ser atribuída mediante o volume de peças em loja. Quando temos muito volume de peças, é dado uma % maior para escoar em quantidade. Quando existem poucas peças, é atribuído uma percentagem menor (porque existe menos produto para escoar).
Talvez por isso, seja normal vermos lixeiras em mercados do 3º mundo com produtos com etiqueta. Viram A Grande Reportagem “Roupa dos Brancos Mortos” na SIC? fala da problemática referida no meu último artigo: “Reciclado é Reciclável”?
Vantagens da venda em ecommerce?
O digital é uma óptima forma para gerir as quantidades e valorizar as peças. É comum as marcas adoptarem por fazer uma estratégia de email marketing de forma a fazer chegar uma oferta dirigida a um publico específico que consome um tamanho em concreto (ex: XL ou XS). Esta oferta direcionada potencia uma venda mais assertiva e com menos perda de valor.
Logística inversa
Quando o consumidor compra e devolve um produto em bom estado, ele pode não ser introduzido em loja (diretamente). O produto vai para um centro de logística para Limpar, voltar a etiquetar e volta a ser reintroduzido em loja.
Quando temos um produto bom em loja, mas que não está a ser vendido num determinado tempo (segundo as previsões de vendas). O produto é recolhido em todas as lojas, é alterado e volta a ser reintroduzido com outro look. Por exemplo: colocar outros botões, outra gola, outro punho. As mudanças da peça seguem a identificação de uma oportunidade de venda, identificada num determinado mercado. Atenção: só é possível em lojas mono-marca.
Quando temos um produto em bom estado, mas que é devolvido numa loja que não tem um público com perfil para aquele produto. A equipa da loja analisa o produto e é recolocado numa loja com perfil para aquele tipo de produto. Atenção: o timing é crucial.
Joana