O Poder do Storytelling e do seu Herói!

A Thai esta semana publicou uma fotografia no instagram a chorar. Descobriu que está com COVID impedindo-a de realizar dois projectos profissionais. Estranhei a fotografia, uma vez que ela é provavelmente das pessoas que mais gargalhadas me provoca nas redes sociais. Poderia pensar que a imagem me impactou porque vi-a chorar pela primeira vez… mas não! Ela provocou em mim um sentimento, uma identificação. Ela mostrou-me que a vida não é um mar de rosas… mostrou-me ser humana. Por isso, hoje vou-vos falar do poder do Storytelling e do papel do “Herói” no instagram.

Este tema não é novo por aqui. A semana passada a Carla Pontes revelou ter dificuldade em “mostrar-se” na sua marca profissional, quer que o seu trabalho fale por si. Esta “dificuldade” é recorrente nas conversas com os meus alunos e clientes. No entanto, a maioria das marcas esquecem-se de que o sucesso das redes sociais não se prende apenas ao algoritmo; o sucesso das redes sociais deve-se ao facto de serem feitas de e para pessoas. Então o que é que faz com que algumas marcas tenham mais sucesso do que outras?

O poder do storytelling

Os livros são um “convite” à imaginação... na verdade, o leitor é co-produtor. O autor teve um sentimento que colocou por palavras e o leitor sente algo com essas palavras (poderá ser o mesmo sentimento ou não). O leitor na verdade é convidado a interpretar o livro, como se assistisse à sua atuação. Eu adoro ler e ver filmes, porque a história traz-me a “recompensa” de conseguir torná-lo compreensível! As pessoas gostam de repetir experiências culturais e até hábitos, porque isso traz conforto e segurança. A ligação de experiências sobre passado, presente e até de um hipotético futuro permite-nos uma compreensão existencial.

Na verdade, procuramos uma identificação. Sim, foi isso que senti com a Thai. Afinal a Thai é humana! UAU!!!

Pode parecer parvo, mas em qualquer narrativa, seja de um filme, seja de um livro, necessitamos de uma narrativa que nos prenda. Como seguidora procuro essa conexão real. É incrível como ver a Thai, num momento menos bom, me permitiu aumentar a conexão com ela. Até comentei o post! (foi a primeira vez que aconteceu).

O poder do Herói!

A Thai é o “Herói” da sua história e, como acontece em qualquer boa história, existe uma jornada da qual nos sentimos parte. O herói deve inspirar e criar identificação. O facto de a Thai ter COVID-19 vai fazer com que me prenda ao seu enredo no qual quero que saia como heroína. O mesmo acontece com o “deslize” de algumas marcas. Quando vejo algumas marcas a falar dos imprevistos com a produção em fábrica ou dos seus dramas com as cópias faz com que o seu leitor / seguidor se identifique com os vários deslizes, sentindo as “dores” do herói. Um herói perfeito é entediante. O Herói tem de criar empatia. Tal como acontece num filme, o herói tem de ter na sua jornada pequenas derrotas, de forma a fazer com que o seu público se sinta envolvido na narrativa, criando ansiedade e atenção.

Os bons contares de histórias percebem intuitivamente o que faz com que o seu público se identifique. Claro que agora estarei atenta à Thai, aguardando ansiosamente melhores dias pós-covid. O seu lado Humano, o seu lado real fez com que me sinta conectada com a sua história. Esta publicação projetou fragilidade, mas também familiaridade. “Podia ser eu.” Este lado mais humanizado e pessoal, tem estado cada vez mais presente na televisão também. Foi bem claro quando o jornalista Rodrigues Guedes de Carvalho revelou em pleno telejornal que o seu avô faleceu de COVID e ele foi privado de se despedir. O jornalismo neutro acabou! O mesmo aconteceu esta semana com a Ministra da saúde, Marta Temido, a chorar. Foi notícia, não pelo que disse, mas porque mostrou vulnerabilidade. Os heróis mostrarem os seus sentimentos nem sempre é mau, mas nem todas as marcas entendem isto… e as marcas que não criam empatia são marcas que não mostram a sua humanidade.

“Tenho uma coisa para te contar…”

Os bons contadores de histórias conseguem prender-nos! A Cristina Ferreira é a rainha dos teasers em Loop. E na verdade ela está a seguir o “enredo clássico” de um storytelling. Os filmes com maior rentabilidade costumam ser os que têm enredos clássicos, presos a fórmulas previsíveis.

No entanto, há livros que detestei, porque consegui “prever” o fim e deixaram de ser excitantes a meio da narrativa. A maioria das pessoas adora narrativas originais, mas com um certo elemento de imprevisibilidade. Neste arco narrativo precisamos de histórias empolgantes, que nos provoque emoções. Talvez por isso tenha adorado o desfecho do filme “The Listen” de Ana Rocha, porque convidou-me a co-criar o fim.

Esta imprevisibilidade cria empatia, talvez por isso algumas pessoas se sintam tão tocadas, quando algumas marcas falam sobre injustiças, cópias, novas conquistas… tudo isto faz com que o seu seguidor seja surpreendido e se “projecte” na história como se fosse ele, sentindo a dor ou a alegria da marca, ou melhor, do Herói!

Concluindo, ficarei atenta à saúde da Thai e saber se conseguiu retomar os trabalhos que ficaram suspensos. Há várias maneiras de contar histórias, não temos de seguir uma fórmula. Cada marca tem de encontrar a sua voz. No entanto, em qualquer narrativa, dar um rosto traz segurança. É fundamental juntar autenticidade, só assim conseguimos criar uma identificação com o seguidor.

Joana

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