Hello 2041!

Não consigo pensar em 2021, sem entender o que nos espera daqui a 20 anos.

Desde que descobri que ia ser mãe, que a ideia de um possível futuro ficou cada vez mais presente. Não é que vá conseguir controlar seja o que for, mas, pelo menos, conseguir visualizar diferentes possibilidades tranquiliza-me.

Numa sociedade que se contamina e influencia, hoje, dia 1 de 2021, temos a obrigação de desenhar o nosso futuro. O artigo que vos escrevo é sobre as decisões de 2021 que irão ser sentidas em 2041, na tentativa de em conjunto construirmos um futuro mais promissor, que começa hoje.

Como se educa um filho para daqui a 20 anos?

  • Percebi que, daqui a 20 anos, o meu filho estará a lutar pela sua sobrevivência e, muito provavelmente, já não terá água. Hoje temos de falar da sustentabilidade ambiental. Sem isso, não há planeta. Isto implica uma mudança drástica no consumo e na forma como criamos novos negócios. Todas as empresas terão de ser sustentáveis, para isso, a ideia de sobrevivência do planeta deverá estar na sua génese. Como estamos a ser úteis ao mundo?

  • Daqui a 20 anos, o meu filho não olhará a géneros, o que poderá alterar as estruturas familiares como as conhecemos e a forma como encaramos a natalidade. Indo mais além, corro ainda o risco de ele querer relacionar-se de uma nova forma, com um robot, por exemplo, ou até querer viver na cloud. Por isso, teremos de falar da sustentabilidade humana e da nossa relação com a máquina. Tal como aconteceu com o ipad, os livros não desapareceram, acredito desta forma que iremos continuar desejar o toque. Mas este toque será diferente. Qual será a nova dimensão tátil?

  • Daqui a 20 anos, o meu filho estará a lutar pelos direitos da sua privacidade. Por isso, hoje, temos de falar da sustentabilidade democrática e da importância de legislar o quanto antes os nossos dados, protegendo-os de terceiros e da manipulação do governo Chinês e das empresas Americanas. O maior país do mundo chama-se Facebook. Estará a Europa pronta para enfrentar estas grandes potências? Já leste o artigo “O verdadeiro vírus chinês”?

  • Daqui a 20 anos, eu terei 54 anos e esperam-me, talvez, mais 50 anos pela frente. Com níveis de natalidade tão baixos, Portugal tornou-se o 5.º país mais envelhecido do mundo, por isso, hoje temos de falar da sustentabilidade demográfica. No futuro, cada casal deveria ter pelo menos 2 filhos, mas para isso acontecer temos de melhorar a nossa qualidade de vida. Em contrapartida, a sobrepopulação mundial e das cidades, que afeta a gestão eficiente dos recursos naturais, afetará também diretamente a mobilidade. Sempre trabalhámos para a aquisição de bens, mas a nossa relação com a habitação e o carro será completamente diferente. O que irá significar ter qualidade de vida?

  • Daqui a 20 anos, a qualidade de vida estará relacionada com os nossos níveis de produtividade. Deixaremos de ter barreiras entre a dimensão do trabalho, da aprendizagem contínua e a importância do descanso. E tudo isto está diretamente relacionado com a sustentabilidade do trabalho. Daqui a 10 anos, quase 700 mil trabalhadores terão de alterar o seu emprego ou adquirir novas competências. Ao contrário do que muitos pensam, a industrialização 4.0 não é a ruína, é a única solução para a sustentabilidade financeira de um país altamente envelhecido e com níveis de escolaridade baixa. Não chega ter apenas a capacidade de adaptação, é preciso ambição do desconhecido. Estaremos prontos para ter novos empregos que ainda não conhecemos?

  • Daqui a 20 anos, o meu filho provavelmente terá um emprego que eu nem consigo imaginar. Por isso, hoje teremos de falar da sustentabilidade criativa e da importância de uma nova educação. A educação continua a ser balizada pela quantidade e não pela qualidade. Não é a nota que irá determinar o sucesso de um cidadão. Necessitamos de uma educação inclusiva, capaz de ensinar um melhor cidadão do mundo. Educar e fixar o talento em Portugal será fundamental, então, iremos necessitar de uma outra dimensão, o amor à pátria. O sentimento de conexão com o próximo será fundamental. Qual o papel da escola no desenvolvimento da criatividade? Terei competências para educar um bom cidadão no mundo?

Não é possível fazer futurologia, mas nesta imprevisibilidade acredito que só é possível sobreviver com CRIATIVIDADE e CIDADANIA. No desconhecido, precisamos de conseguir visualizar novas perspectivas do mundo, e só a criatividade nos dará isso. O nosso poder inventivo e a nossa capacidade de adaptação serão a solução, é por isso urgente estreitar a relação do ser humano com o meio ambiente e a sua dimensão de cidadania. Acredito que iremos trabalhar menos, mas melhor. Para isso, necessitamos de educar indivíduos mais ambiciosos, não na dimensão financeira, mas que desejem um mundo melhor, mais justo e sustentável para si e para os outros.

Feliz 2021,

Joana

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