Fashion Manifest

Foi com o 25 de Abril, que consciencializei a ideia de “manifesto”. Cresci a ouvir as histórias dos meus pais e avós e apesar de sentidas, nunca vi as suas manifestações transformadas em algo palpável. Uns anos mais tarde, quando estava prestes a lançar o Porto Fashion Makers fiz o meu primeiro e sentido manifesto. A primeira impressão ainda está no meu estúdio para não me esquecer, porque motivo comecei esta trapalhada toda, que agora chamo de empresa.

O meu manifesto, transformou-se no primeiro artigo do website e apesar de ter estado 1 ano a pregar a minha ideia junto de inúmeras pessoas, nunca tinha colocado no papel, até sentir necessidade de mostrar à comunidade porque motivo os estava a juntar, poderão ver o vídeo de lançamento aqui.

Estando nós a viver numa época de limites, muitas são as causas que nos fazem manifestar (e ainda bem!), por isso hoje falo-vos da tendência da “economia do protesto”. 

O mundo está cheio de “bons rebeldes”, a Joana Marques confirma neste podcast  🤣😂 Os protestos surgem na indústria têxtil, beleza, entretenimento, política e trazem muito humor. Esta nova onda de ativismo e lutas surgem de inúmeras formas e têm vindo com muito positivismo. Segundo um estudo da Delloite, 2 em 3 millenials não estão preocupados com o planeta, mas sentem obrigação de fazer alguma coisa para mudar a situação atual, porque “Even a small protest feel good”.

Millie Bobby Brown da série de culto Stranger Things da Netflix segue a tendência e por isso levou um casaco para o Kids' Choice Awards com o nome de todos os jovens que morreram num tiroteio nos USA, e Lena Waithe usou um casaco arco-íris para chamar atenção da comunidade LGBT. Para mim, a manifestação mais épica foi a destruição da obra de Banksy em pleno leilão. Já para não falar da página “Old Celine” que foi lançada logo após o apagão das redes socais da Celine sem acento no é!

Os protestos de hoje em dia claramente não são como há 50 anos atrás, apesar de Portugal não ser exemplo, porque manifestou-se com cravos! Refiro-me às manifestações violentas, destruidoras, incendiárias que hoje surgem como um mix de sentimentos-pop, operações corporativas ou como uma vantagem sócio-económica.

Vejamos o caso da Balenciaga que se juntou à World Food Programme revertendo parte das vendas da sua coleção para esta organização sem fins lucrativos. Já a Nike vai mais além com o Nike Equality que celebra os atletas e líderes jovens afro-americanos que transformam o poder do desporto e promovem uma mudança positiva nas suas comunidades, poderão ver o vídeo aqui.

Quem se lembra da saga, “Keep calm and carry on” ? bem, este foi o início da cultura pop-culture do léxico, e fez da startup Teespring um fenómeno em torno deste fashion statements. Se inicialmente estas “manifestações” eram “leves”, cool e refrescantes, onde fazer parte da tribo era quase obrigatório. Hoje em dia, o mercado vai mais além e passados 4 anos esta cultura pop inflamou.

O fashion statement é mais agressivo, as t-shirts imprimem “Feminist” “Cancel brexit” “Fight like a Girl”, “100% human”, a Rust and May tem um bom exemplo sobre género. Sendo as t-shirts um veículo para dar a conhecer uma causa e estando a sustentabilidade em voga, obviamente que o fashion statement passa a ser a sustentabilidade. Vejamos o caso da Everlane X New York Times que acabaram de lançar a camisola ‘Truth. It affects us all.’.

Joana Campos Silva

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