Como as redes sociais estão a mudar a TV
O trend topic desta semana foi a influenciadora digital Helena Coelho, como apresentadora de televisão ao lado do Ruben Rua. Para os mais distraídos, este fenómeno não é de agora! Já vimos a Pipoca mais Doce, a Mafalda Castro e até a Joana Barrios a moverem-se do digital para a caixinha mágica. Estaremos perante um novo género de influência digital?
Num mundo onde o público está cada vez mais conectado on-line, assistir televisão tornou-se num formato de 2ª necessidade. A nossa geração informa-se mais pela Netflix, pelas redes sociais e pelo youtube do que pelos canais tradicionais. Como referi no último artigo, a Netflix para além de conhecer melhor a sua audiência, os conteúdos são dirigidos ao perfil de cada cliente, mas o mesmo não acontece com a televisão, por isso a internet abre novos caminhos nos media tradicionais.
No meu entender não estamos perante um novo género de influência, estamos perante uma mudança de plataforma. As plataformas estão-se a unir. O ON/OFF estão mais unidos do que nunca. Quantas vezes estamos a ver TV e os stories desse programa em tempo real? Todos nós somos voyers e adoramos saber um pouco mais do que está acontecer atrás das câmaras.
Já somos a geração que recebe informação em vários formatos, muitas vezes sem distinguimos as plataformas. Eu soube da novidade televisiva pelo instagram! Na verdade somos cada vez mais “telespectadores internautas”.
Estamos a estranhar a novidade da Helena Coelho, mas não estranhamos a Joana Barrios, Ana Garcia Martins (aka pipoca mais doce) ou a Mafalda Castro na televisão, porquê? Só porque têm formação na área? É certo que não conhecemos o formato em que a Helena irá participar, mas formação não significa talento. A Helena já provou ser uma óptima comunicadora.
Este ano a Helena já foi rosto da Calzedonia;
Este ano fez uma parceria com a Sephora Portugal, esgotando todos os produtos;
Este ano esgotou 3 capas da Women's Health.
Este ano tornou-se apresentadora de TV.
Ainda há dúvidas? A Helena Coelho vai virar caso de estudo! A verdade é que a audiência da Helena tem potencial para se conectar. Já provou ter um público fiel, de “massas” e altamente comercial. A influência digital já afeta as profissões de forma muito notória. Por exemplo, algumas agências já recrutam manequins com base no número de seguidores nas redes sociais.
Mas podemos ir mais além, será que o Bruno Nogueira seria escolhido para a publicidade do Banco Montepio, se não tivesse movido multidões no Bicho ao longo da pandemia? Muitos criticaram o conteúdo da Helena, mas será que a liberdade do conteúdo do Bruno Nogueira é o conteúdo que o Montepio quer espelhar junto dos seus clientes?
Quer se goste ou não do conteúdo do influenciador, a verdade é que o digital está afectar diretamente as escolhas da TV, destaco alguns movimentos:
No dia anterior ao lançamento do programa da Cristina Ferreira, ela fez um inquérito aos seus seguidores sobre o convidado especial, descobrindo as suas preferencias.
Os programas analisam os comentários nas redes sociais e condicionam a sua ação com base nas opiniões dos followers.
A TVI agora tem um QRCode no telejornal.
Uma grande percentagem dos telespectadores tomam conhecimento da programação televisiva através das redes sociais.
A televisão promove #hashtags, exibindo comentários dos seguidores.
Cada novidade que acontece no programa da Cristina é promovido em tempo real nas redes sociais. Existe essa coordenação em simultâneo, fazendo com que o “telespectador internauta” fique conectado.
Antes de os programas começaram, muitas vezes já estamos conectados ao storytelling nas redes sociais.
A Cristina Ferreira promove os seus looks diários na televisão, levando o seu “telespectadores internautas” para a sua loja própria através do swipe up.
Não tenho números rigorosos, mas gasto mais horas na internet do que a ver televisão. Já os meus alunos universitários, nem televisão assistem. Logo, não é de se estranhar que os stories do Herman José cheguem a mais pessoas, que os seus programas de televisão.
Ora, se a televisão precisa de audiência, ela tem de se reinventar! Por isso, contratar qualquer influenciador digital para a televisão, é só uma evolução natural.
O fenómeno nas redes sociais impacta a televisão, afetando a experiência do telespectador internauta, afetando também o desenvolvimento dos programas, e claramente abre novas oportunidades para publicidade no mercado digital.
Vimos a marca Cristina Ferreira ganhar maior relevância, quando criou o Daily Cristina, fazendo vendas cruzadas na televisão e nas suas redes sociais. Certo?
Embora a internet tenha desconstruído a supremacia da televisão, este veículo continua a exercer um grande papel no comunicação que nos chega todos os dias (e com a pandemia isso tornou-se ainda mais evidente). A única solução é unir os dois mundos.
O engagement gerado pelas redes sociais, está a influenciar diretamente os conteúdos promovidos na televisão. Os Jornais e os programas de entretenimento estão adaptar-se a esta nova realidade, permitindo maior interação com o público ao vivo por meio das redes sociais. Quantas vezes o jornal da noite abre com conteúdo gerado pelo usuário (UGC)? já nem estranhamos!
A internet trouxe um novo olhar sobre o “consumo da informação”, e as pessoas comuns hoje influenciam multidões.
O nosso comportamento já mudou! Agora somos um consumidor omni-canal, aquele que consome conteúdo e interage em diversos canais diferentes, mas não entende as barreiras entre eles. Trocamos e interagimos simultaneamente em diferentes dispositivos de tal forma fluida que nem nos apercebemos que tudo isto é uma só experiência. O poder está no consumidor e as influenciadoras fazem parte desta transformação inevitável.
Guess What!? Quer se identifique ou não, a estratégia da Cristina Ferreira está a resultar :P
O nome Helena Coelho foi trend topic esta semana;
Quem não a conhecia, passou a conhecer, aumentando o seu nr de seguidores;
A sua marca tem sido referida ao lado de Cristina Ferreira, fazendo crescer a sua notoriedade;
Movemos um tema da TV para o digital;
Estão todos curiosos para saber como será a sua estreia.
É relevante? Até pode não ser, por isso temos sempre a opção de não ver ou deixar de seguir. A pandemia veio revelar a necessidade de incluir no nosso dia a dia temas ligeiros, para desanoviar desta tenção chamada crise provocada pelo vírus.
Por isso, Go Go Go Lenita!
Joana