A urgência do Relatório Sustentável
Apesar de ser um tema que se fala desde os anos 60, finalmente a União Europeia lançou uma Diretiva de Reporte de Sustentabilidade Corporativo - CSRD, ou seja, a obrigatoriedade de entregar um relatório não financeiro / relatório sustentável. Pela primeira vez, a UE entende que as empresas impactam o clima e que as alterações climáticas impactam as empresas.
É urgente falar em financiamento sustentável, porquê?
Porque a sustentabilidade do planeta agora CUSTA DINHEIRO.
De todos os problemas do mundo, a temperatura do planeta é o tema central! A temperatura não pode aumentar mais do que 1,5º graus celsius. Caso aumente, os cientistas deixaram de conseguir prever as próximas tempestades. Esta imprevisibilidade dificulta a gestão de recursos humanos e de dinheiro. O Acordo de Paris assinado em 2015 continua a ser uma marco importante na história da UE, exatamente por isso! Um compromisso comum entre 55 países para combater a subida da temperatura.
Alerta Portugal!
Portugal é um dos países europeus com maior risco climático, segundo o Banco Central Europeu (BCE). Ou seja, se existe mais risco, o dinheiro fica mais caro.
O que é o Financiamento Sustentável?
O Financiamento Sustentável é garantir que atribuímos financiamento a investimentos tendo em conta considerações ambientais, sociais e de governança (ESG). Para isso é necessário encontrar um equilíbrio entre financiamento e risco, tal como acontece num seguro. Se temos muitas doenças, o seguro fica mais caro! Certo?
Ao contrário do que se afirma, não é apenas um tema EUROPEU. A China em 2016 já tinha lançado diretrizes para se estabelecer um Sistema Financeiro Verde 2.0, em 2017 O Brasil lançou o Laboratório de Inovação Financeira (LAB), em 2018 - o Luxemburgo lançou o Luxemburg Sustainable Finance Roadmap.
O Relatório Sustentável
O tema do financiamento sustentável não é novo, desde o Acordo de Paris assinado em 2015, a União Europeia (EU) está a fazer progressos na transição para uma economia sustentável. O Conselho Europeu apresentou em Dezembro de 2019 o Pacto Verde Europeu, que visa promover uma economia circular e sustentável, bem como reduzir a zero as emissões líquidas da EU até 2050.
O relatório não financeiro tem como objetivo fornecer informações ambientais, sociais e de governança, incluindo as operações próprias, cadeia de valor, produtos, serviços, relações comerciais, cadeia de fornecedores e investimentos.
Dupla Materialidade
No relatório sustentável as empresas deverão comunicar como é que o tema da sustentabilidade afeta o seu desenvolvimento, performance e posicionamento.
Para isso deverão realizar a matriz de dupla materialidade. A Dupla Materialidade (CSRD) tem como objetivo demonstrar como os riscos e as oportunidades podem ser materiais tanto do ponto de vista financeiro, como do ponto de visto do impacto ambiental e social.
O que é a Taxonomia Verde?
O relatório sustentável, deverá comprovar o alinhamento da Taxonomia Verde, ou seja, que o investimento está alinhado com os objetivos ambientais e climáticos da UE.
A Taxonomia da UE classifica as atividades económicas como ambientalmente sustentáveis com base em critérios técnicos definidos. Estes, traduzem os objetivos ambientais e climáticos da União Europeia (UE) e promovem a transparência dos “investimentos verdes”.
A quem se aplica?
“A Diretiva aplica-se a todas as grandes empresas na Europa, desde logo as cotadas em mercados regulamentados, mas também as que cumpram com dois destes três critérios:
mais de 250 colaboradores,
um volume de negócios superior a 40 milhões de euros
ativos de mais de 20 milhões de euros.
Sou uma PME, devo fazer relatório?
Sim! Apesar da diretiva CSRD entrar em vigor em 2025 (reporte de 2024) e aplicar-se às grandes empresas, ela vai impactar indiretamente as pequenas e médias empresas. Espera-se que quase 50.000 empresas sejam impactadas pelo CSRD, o que corresponde a cerca de três quartos dos negócios no Espaço Económico Europeu.
Caso forneça uma grande empresa, é certo que será exigido informação ambiental, social, impactos e investimentos, caso contrário correrá o risco de operar por falta de informação. As PMEs listadas (cotadas em bolsa) serão obrigadas a reportar em 2028, o ano de 2027.
Qual o formato?
Num futuro próximo será obrigatório entregar um relatório integrado. Ou seja, criar um relatório único que faz reporte da dimensão financeira e da dimensão sustentável.
A Visão de futuro
O relatório sustentável deve ser visto como um documento estratégico para a empresa. Através dele, conseguiremos visualizar os nossos impactos ambientais e sociais e entender melhor os investimentos futuros.
Elaborar a Taxonomia é complexo, exige o conhecimento de várias áreas e por isso como empresa deverão começar já atuar.
Da mesma forma que o relatório financeiro tem de ser validade por um técnico oficial de contas (TOC), num futuro próximo teremos uma nova profissão, o “TOC sustentável” que irá validar a veracidade do vosso relatório sustentável. A realização do relatório pode demorar certa de 4 a 6 meses.
2028 é já amanhã! É hora de atuar.
Joana