A Influência “Activista”
A By Malene Birger lançou a coleção cápsula Made With Care com a Net Sustain. A coleção teve como rosto a “influenciadora ativista” Doina Ciobanu. Em tempos de urgência climática, será o marketing de influência um possível caminho para a educação, neste tema tão complexo?
A nova consciência traz-nos dilemas. No inquérito que fiz no instagram a semana passada, 70% de vocês disseram sentirem-se em contradição. Escuto muitos desabafos diariamente “quero lançar uma marca, mas o mercado não precisa de mais roupa”; “quero promover algo inspiracional, mas vou parecer supérflua num mundo cheio de problemas.” Hey! isto é geral. Segundo o André, estamos na “passagem” entre o velho e o novo mundo, por isso, temos um sentimento de culpa gigante. Sabiam que a consciência é meio caminho andado para a mudança?
Em tempos de esgotamento ambiental e social, tenho-me questionado sobre o Futuro da Influência. Lembram-se deste artigo? Acredito que 2020 seja o ano de causas. As marcas irão começar a procurar as “Gretas Ativistas”, que ultrapassam a questão do lifestyle.
Com a Greta Thunberg no comando, as marcas começam a procurar novas alternativas ao marketing de influência. Prova disso, é a mais recente coleção de By Malene Birger com a “influenciadora ativista” Doina Ciobanu embaixadora do No More Plastic. O lançamento da coleção Made With Care foi feito com a plataforma Net-a-Porter e esta é a primeira coleção cápsula totalmente sustentável da marca.
A marca lançou uma série de itens essenciais ao guarda roupa da mulher, mas literalmente reduziu a coleção à escolha de “Algodão orgânico”.
No último evento Meet The Maker “Como vender sustentabilidade” ficamos a saber que não podemos reduzir a sustentabilidade à matéria prima, por isso, em nenhum momento conseguimos perceber o impacto real da coleção e o papel da influenciadora Doina. Ela infelizmente “aparece” como um mero acessório.
Não podemos esquecer que falar de Marketing de Influência é falar de Marketing de Conteúdo. E se esse conteúdo nos ajudar a tomar decisões?
Para mim a BMB usou mal a sua estratégia. Com o hashtag #malenecares, “cares” o tanas! Porque a marca e a Doina não explicam nada sobre a coleção, sobre o impacto das peças, sobre o consumo da água, energia, escolha de materiais, ética social, focando-se apenas no look.
Em tempos de urgência climática, poderá a "influência ativista” ser um possível caminho para uma educação sustentável? Não podemos esquecer que o marketing de conteúdo surgiu para contar histórias sobre os benefícios e o desempenho dos produtos.
Por isso, acredito que o grande desafio das marcas em 2020, passa por construir uma influência qualitativa e educativa, em vez da quantitativa. É certo que a sustentabilidade deverá ser comunicada de forma leve e com algum coolness, mas mais do que promover rostos bonitos e o consumo de produtos, as marcas têm o dever de educar, tal como a “influenciadora ativista.”
Nesta passagem, muitas influenciadoras sentem culpa por terem promovido o consumo. Sendo o sentimento de culpa uma recorrente, queremos ser solução ou vítima?
A pergunta fundamental a fazer é: “Como é que eu posso ser solução?” E esta pergunta é válida para a marca e para a influenciadora.
“Como é que o vestuário de By Malene Birger diminui o carbono do planeta?”
“Como é que a minha influência poderá ajudar a consumir melhor?”
O vestuário tem de surgir aliado ao design e à inovação e a influenciadora deverá ser um veículo educativo, inspirador à mudança.
Precisamos de entender como é que esta influência se ativa em propósito ambiental e o caminho é só um - Educar, Educar, Educar!
A influência deverá evoluir para a ativação de um propósito ambiental através da educação. A influenciadora “ativista” poderá ter um papel fundamental na mudança de comportamento do consumidor e até auxiliar a marca com soluções tangíveis, devido à sua proximidade com o público.
Em Portugal a micro influenciadora Catarina Barreiros com 26.2k followers tem tido um papel fundamental para a educação do consumidor final, promovendo marcas responsáveis, o uso de produtos, esclarecendo o seu impacto para o meio ambiente. Tem ativado parceiras estratégicas com marcas, como é o caso da Auchan ou o IKEA. Por isso, acredito que esta influenciadora “ativista” ou de causas poderá ter um papel fundamental na mudança de comportamento e até auxiliar as marcas, tal como faz a Catarina B, Eunice Maia ou a Ana Varela.
Li num artigo da Elle (obrigada Graziela) que a Venetia Falconer declara-se como “recovering hypocrite + climate activist”. A influenciadora com mais de 70 K followers, tem usado a sua plataforma para destacar questões relacionadas com a crise climática global e o fast fashion. Não tem mal, termos sido promotoras de consumo e agora estarmos num novo mood. Triste é aquele não muda!
Pedi-vos ajuda e vocês foram espetaculares, por isso deixo aqui uma lista.
Top 10 “influenciadores ativistas” em Portugal:
@catarinafpb é uma referência. A Catarina com a sua voz suave, tem trazido imensas soluções com partilhas constantes e o podcast “Do Zero”. Com um tom sempre educacional e de quem estuda muito, antes de qualquer decisão, apresenta-nos soluções para o dia a dia. Foi com ela que comecei a olhar para a reciclagem de outra forma, a repensar as minhas rotinas de beleza e até as minhas questões de transporte. Mudei imenso o meu consumo com as suas dicas.
@anavarelaoficial é outra referência. Tem usado a sua voz, como atriz para promover novos hábitos. O seu artigo sobre o copo vaginal trouxe aquilo que mais precisamos - educação! Sempre que uma marca a contacta, a Ana não quer ser uma mera “portadora” de mensagens, quer entrevir. E ela ajuda as marcas a serem mais sustentáveis.
@joanajoes conheci a Joana o ano passado no mercado da Stylista numa palestra da Catalyst sobre sustentabilidade. A Joana é uma inspiração. Vive numa cabana e tem a marca @conscious_swimwear . A Joana traz o lado cool e bonito que infelizmente a sustentabilidade ainda não tem.
@shes_green é da atriz Joana Seixas. Com a Joana aprendi que não precisamos de radicalismos e que cada gesto conta. Mais do que dizer, temos de fazer! Contou-me que a sua rotina de levar a embalagem sempre consigo à mercearia local já começa a contagir!
@mariagranel.lx não podemos falar sobre sustentabilidiade, sem falar da Eunice. A sua loja é de visita obrigatória. Sem nunca impor um ponto de vista, a Eunice tem tido um papel fundamental, para fazer chegar ao consumidor novas alternativas. Já vos disse que acabou de lançar um livro “Desperdício Zero”?
@mazarra é um nome que não fica indiferente nesta lista da influência. A sua mudança de comportamento é notória, e sei que leva as suas parcerias muito a sério. O João tem usado a sua voz para promover causas. Recentemente promoveu as dragagens no Sado. O João continua a defender o amor aos animais e biodiversidade.
@violetalapa foi recomendada pelo Gonçalo no seu podcast G-Talks. A Violeta organizou recentemente uma expedição aquática e que será lançada brevemente. Com o projeto @oceansandflow pretende trazer consciência sobre a nossa responsabilidade enquanto seres humanos, diante da emergência de trabalhar para a revitalização e harmonia dos oceanos.
@inesrpais foi-me recomendado, não conhecia! Pelo que li, a Inês dá imensas dicas sobre alimentação e hábitos de vida saudável.
@saradsdiniz a Sara é enfermeira de profissão e promotora de um lifestyle zero waste. A Sara é adepta do desperdício zero e aventura-se no tingimento natural. Faz também a curadoria das montras da Maria granel e realiza pontualmente workshops de tingimento natural.
A esta lista também devemos considerar a Maria Galvão, a Joana Limão, a The Juice Edition, a Alice Trewinnard, a Mariana Silva, a Verdes Marias, a Anna Masiello, a Mariana Soares Branco e a Marta Sobral Moreira.
Não dispensem qualquer evento da Kaleigh Tirone Nunes e Ana Costa da Catalyst, têm feito um trabalho de sensibilização enorme e são fontes de inspiração diária.
Joana