Honest Anti-Marketing
O Luis pediu-me para falar sobre honest marketing. Como posso falar de honestidade e de marketing ao mesmo tempo? No mesmo segundo, vislumbro um artigo da BoF que dizia: ‘Hermès Anti-Marketing Marketing’.
A mãe da Birkin Bag afirma que não tem departamento de marketing, realçando que o foco está nas emoções e na sensibilidade criada através da comunicação, apostando numa narrativa sazonal e nas ações que promovem um relacionamento pessoal e individual.
“ I think Hermès objects are desirable because they reconnect people to their humanity... Our customer feels the presence of the person who crafted the object, while at the same time the object brings him back to his own sensitivity, because it gives him pleasure through his senses.”.
Podemos sempre pensar, que conceptualmente a ideia até é gira, mas a Hermès é enorme e o dinheiro poderá ajudar a envolver mais ou menos o cliente. Por isso, perguntei-me: ‘Em que momento me senti efetivamente envolvida com uma marca pequena de forma honesta?’.
De todas as que me vieram à cabeça, a Lane Marinho é o melhor exemplo.
Lane Marinho é uma designer-artesã e colorista. Conheci a marca brasileira por uma amiga, que quando me falou da marca, tinha tanta admiração que os olhos até brilhavam. Falava do quão desejava comprar umas ‘Lane’, porque eram uma peça especial. Fui pesquisar e tudo o que me tinha dito estava reflectido no instagram. Captou logo a minha atenção, destacando:
O imaginário geral da marca (super artístico).
A estética do produto era linda (cores, texturas, acabamentos);
Era tudo feito à mão, por medida;
A história da criadora era inspiradora (largou um emprego seguro, para criar o seu próprio projeto);
Rendida ao que vi, dia 30 de Junho fiz a encomenda por email. A marca mostrou disponibilidade imediata para combinar tudo via WhatsApp. A resposta foi célere e envolvente, de esclarecimento imediato sobre tamanhos, medidas e afins.
Esperei 1 mês até ter o produto na mão e nesse período segui a marca religiosamente. As descobertas da Lane pelo Sul de França, o workshop de tingimento natural em tecido (as fotos eram lindas de morrer); as experiências de cerâmica e a forma como aplica as peças nas sandálias. Tudo super inspirador.
Quando o produto ficou pronto, enviaram-me um email envolvente, na esperança que o atlântico não nos tramasse. ‘Estamos aqui na torcida para a Joana receber!’.
Dia 31 de Agosto recebi o produto em Portugal. O saco e a caixa vinham pintados à mão e assinada pela diretora criativa. Com o packaging tinha um postal desenhado a lápis pela Lane Marinho com uma mensagem personalizada. O toque de todos os materiais era de alta qualidade e as sandálias um sonho.
Senti-me efetivamente especial, por isso partilhei a minha experiência no instagram e com as minhas amigas.
Todo este processo leva-me a pensar que tudo começa no produto que conjuga de 3 coisas: artesanato, design e vida e tal como acontece com a Hermès, a dimensão pessoal da marca, é-nos dada com uma entrega única e honesta, criando uma experiência incrível. Em nenhum momento falamos do preço, simplesmente queremos fazer parte.
Tudo começou com uma recomendação de uma amiga;
A narrativa visual baseava-se no processo criativo da diretora criativa (senti-me inspirada);
A existência da figura Lane Marinho. Nós ligamo-nos a pessoas e às suas histórias (para além de ser gira como tudo, tinha um estilo inspirador!);
Em todo o processo auxiliaram-me em todas as questões técnicas e as imagens eram boas e esclarecedoras. (senti segurança na compra à distância).
O feito à mão, o produto reflectia autenticidade, com muita identidade sul americana; uma peça de design com um toque artesanal.
À medida trouxe valorização à peça e um sentido de exclusividade.
A dimensão humana do discurso da marca em todo o processo foi sempre pessoal e individual;
O packaging da marca tinha originalidade, refletindo e reforçando a estética da marca (com pinceladas soltas, tal como tinha visto no instagram) cheia de detalhes e com materiais nobres sem presunção.
A minha experiência foi tão positiva que acabei por fazer uma publicação nas redes sociais, gerando ‘agitação orgânica’ para a marca.
Será tudo isto honest marketing ?
Joana