A informação da Etiqueta, é verdadeira ou falsa?
Sempre defendi que “não devemos” cortar as etiquetas da roupa para mais a frente saber como cuidar e reciclar corretamente. Com a entrada em vigor do Regulamento Têxtil Europeu (1007/2011) em 2011, os requisitos de rotulagem e marcação da composição das fibras dos produtos têxteis foram harmonizados em toda a União Europeia. No entanto, em 2018, surgiram dúvidas sobre a exatidão destas alegações de composição nos rótulos. As informações da etiqueta são verdadeiras ou falsas?
A triagem humana
Recordo-me de ver a Grande Reportagem da RTP 1 feita pela jornalista Paula Martinho “A Moda Que Nos Consome” e escutar um farrapeiro italiano a indicar que não podemos confiar na etiqueta da roupa, porque são mentirosas. O farrapeiro tem os sentidos do tacto e auditivo treinados para “sentir o som” e classificar corretamente o resíduo.
A triagem tecnológica
Sendo um trabalho moroso e dispendioso pela dimensão humana, quando surgiu o Fibersort, uma tecnologia baseada em infravermelhos, capaz de categorizar os têxteis com base na sua composição, percebi que poderiamos ter esperança num futuro próximo.
No Be@t tive a oportunidade de ver o scanner MATCHA que a LIPOR está a usar para classificar as matérias primas dos produtos pós-consumo. Esta tecnologia poderá poupar muito tempo na triagem, mas tem algumas limitações. Este scanner só consegue identificar as duas matérias primas com maior predominância.
“Uma investigação recente revelou que de 10.000 peças de vestuário testadas, 41% das peças tinham uma composição que não correspondia à composição indicada nas etiquetas de cuidado das roupas.”
A Circle Economy esteve a investigar a suposição de que as etiquetas nas peças de vestuário seriam imprecisas, a fim de mapear as consequências de “declarações imprecisas” das etiquetas, com o objetivo de identificar as medidas necessárias para enfrentar os desafios dos rótulos enganosos. Os desvios entre as categorizações das fibras fornecidas pelo Fibersort e as declarações de composição das etiquetas tornaram-se enganadoras para os classificadores.
Como cuidar e reciclar se as etiquetas mentem?
Este estudo comprova que a pegada da matéria prima é ainda maior, não só porque a grande pegada está na aquisição de matérias primas fora da UE, bem como o que recebemos é impreciso e mentiroso.
As tecnologias de RFID (Radio Frequency Identification) e NFC podem, com o tempo, permitir que itens agregados sejam digitalizados, em vez de um item de cada vez. Saber quantas vezes uma peça de roupa ou tecido foi reciclada, indicando o seu potencial de reutilização. A tecnologia RFID e NFC pode também provavelmente permitir que as máquinas de lavar detectem o tipo de material de que a roupa é feita e sugiram ciclos de lavagem e secagem relevantes com o uso correto de detergente.
Bons Negócios
Joana