Como comprar sustentável de forma segura?
No âmbito da Semana Europeia do Combate ao Desperdício Têxtil, tive a oportunidade de moderar um painel com o tema: “Sustentabilidade na Têxtil” na Câmara Municipal da Póvoa De Varzim.
Faço esta pequena introdução porque no âmbito da Semana Europeia da Prevenção de Resíduos Têxteis, a convite da Câmara Municipal da Póvoa De Varzim, tive a oportunidade de moderar um painel com o tema: “Sustentabilidade na Têxtil”. Tive como convidados o Alexandre Nardin da NOWA Jeans e o Manuel Machado da POTO. Após a intervenção dos meus convidados, surgiu uma pergunta do público que nos fez reflectir: “Como posso comprar sustentável de forma segura?”.
Respondi que já é possível no sector de criança em Portugal conhecer uma curadoria de marcas nacionais sustentáveis, com acesso a informação transparente através do www.kidsmodaportugal.pt. Existe também o goodonyou.eco, com informação sobre a ranting das marcas globais. A quantidade de marcas que se dizem sustentáveis é tão grande, que é fácil cairmos em greenwashing, indicando por isso que seria fundamental como consumidores aprendermos a distinguir o trio do joio, e para isso teríamos de saber mais sobre o modelos de negócio das marcas e sobre as suas escolhas de design, matéria prima e descarte.
Após a minha intervenção, o Alexandre Nardin diz: “Já repararem o tempo que a Joana demorou a explicar como podemos ter acesso a vestuário sustentável? Aqui está o primeiro problema. O Acesso à informação tem de ser fácil e simples.”
Na visão do Alexandre, as marcas pequenas não têm estrutura para se fazerem ouvir em grande escala. É difícil porque exige muito dinheiro. Nesse sentido, as marcas para escalar, muito provavelmente terão de recorrer a marketplaces. Em 2019 seria impossível, mas hoje o tema sustentabilidade é o DESTAQUE.
3 passos para o consumidor “Comprar sustentável de forma segura”
IR A UM MARKETPLACE
USAR FILTRO “SUSTENTABILIDADE”
LER AS CARACTERÍSTICAS DE UM PRODUTO
O que acontece é que “ler as características” de um produto exige conhecimento. O Alexandre destacou que encontrou um produto dito sustentável e não existia nenhuma característica, a não ser o TAG de papel que era de florestas sustentáveis, acabando por cair no “filtro” errado. Na impossibilidade de sabermos mais, ainda existe a ideia, de que ser sustentável é ter “algodão orgânico”, mas isso também não é verdade.
A marca poderá dizer na etiqueta “100% poliéster” e ser sustentável. Poderemos estar perante um mono-produto que é pensado para reciclar. Com o problema de nas lavagens libertar microplásticos que muitas vezes acabam nos oceanos. Ou seja, se a marca na sua Missão defender os “oceanos”, pode ser estranho esta abordagem de design.
A marca poderá dizer na etiqueta “100% algodão” e ser insustentável. Alguém sabe de onde vem o algodão? Sabem qual é a sua pegada? sabem quanto consumiu de água? Sabem a diferença entre um algodão convencional, orgânico, reciclado e regenerativo? Sabem quem produziu aquelas peças? Sabem quanto ganhou? Sabem se a marca cumpriu com todos os requisitos ambientais?
A verdade é que como consumidores, compramos porque gostamos do DESIGN dos produtos e “ler a etiqueta” não é assim tão simples e óbvio. A moda é EMOCIONAL. A sustentabilidade é um PLUS. Não é o foco da compra. Tal como a transparência, ela pode trazer consciência, mas não converte em vendas.
Diria que neste TOP 3 para compras sustentáveis, o “LER AS CARACTERÍSTICAS” implica que a marca sustentável comunique de forma simples e direta o seu COMPROMISSO, explicando porque motivo aquelas características e matérias primas são mais benéficas em relação a X.
Dicas finais para o consumidor:
Não cortem as etiquetas
Descartem em Sistemas de Take Back
Um agradecimento especial à Silvia Gomes da Costa, Vereadora do Ambiente e Inteligência Urbana por esta oportunidade e aos meus convidados, Alexandre Nardin e Manuel Machado, com quem tanto aprendi.
Joana